A alegria da conversão.

A vida do cristão é um contínuo caminho de conversão! Esta frase, tantas vezes ouvida e pregada ficou-me a murmurar ao ouvindo depois de alguém que se considera não-crente me ter dito que para ele a conversão era uma espécie de auto-justificação e consolação para os cristãos que não conseguem mudar e desculpam-se com este conceito.
Antes de mais, tornamo-nos cristãos pela certeza interior que o Espírito nos faz reconhecer a voz d’Aquele que nos chama à vida. Somos cristãos sempre que ouvimos e nos deixamos conduzir pelas palavras de Cristo e actualizamos os seus gestos e ensinamentos na nossa vida. Vivemos como cristãos quando, reconhecendo o nosso pecado, acolhemos a graça do perdão e esforçamo-nos por melhorar.
Também é verdade que não é fácil convencer todos os cristãos de que a conversão conduz à alegria. Contudo, Jesus, mostrou que a boa nova leva à conversão.
A conversão de que falo é um encontro e não apenas um exame de consciência, é uma festa e não tristeza, é um abraço e não uma sentença. Em vez de entrarmos em nós próprios e fazermos apenas um inventário das nossas culpas, deveríamos sair de nós próprios e dirigirmo-nos a Deus, para descobrirmos até que ponto ignoramos o seu amor, a sua alegria e o seu perdão. A boa nova que nos é anunciada é que «os pecados são perdoados». São feitas as pazes imediatamente; depois da culpa já não há castigo, nem depois da ofensa existe lugar para a vingança, mas a graça de Deus antecipa-se e repara o pecado.
Pode acontecer que por vezes, enquanto cristãos, demos a impressão de que sacralizámos o juiz e a sentença, em vez de divinizar a misericórdia e o perdão. Porém, o nosso “tribunal” da penitência torna-se testemunho de Deus quando demonstramos que a verdade e o perdão são mais saudáveis que o castigo, que é preciso sair do círculo vicioso da vingança, da lógica do mal pelo mal. Esta atitude foi constante na vida de Jesus: fazer do injusto um justo, do pecador um santo, do endemoninhado um homem livre, do cobrador de impostos um discípulo, da prostituta uma nova mulher. Jesus libertou Zaqueu da sua avidez, Maria Madalena dos seus amantes, Mateus do seu odiado emprego; o seu amor gratuito e maravilhoso fez renascer em cada um aquilo que as injustiças deste mundo teriam sufocado para sempre.
Por aqui passa a conversão de cada um de nós: um encontro quotidiano com Aquele que ama perdoando e perdoa amando.

Pe José Carlos