Carta Pastoral “Dai razões da vossa esperança”
Esta carta pastoral do Patriarca de Lisboa, Rui, datada de 1 de dezembro de 2024, foca-se no tema da esperança
O Milagre Comboniano
Porque eram muitos os Missionários do Sagrado Coração de Jesus que na altura partiam para evangelizar rumo a Moçambique e ao Brasil, tiveram necessidade de conseguir uma residência de apoio em Lisboa, pelo que foi confiada a difícil missão ao Padre Ângelo de Lassalandra, nacionalizado Português, de solicitar essa possibilidade ao Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.
O Senhor Patriarca acedeu ao pedido, impondo, contudo, a condição dos Combonianos assumirem o cuidado do governo de uma Paróquia da Diocese: e porque Deus é providencial, foi proposta para esse fim Paço de Arcos, vila descristianizada e dependente da Paróquia de Oeiras.
A maior parte dos Sacerdotes eram Italianos e a nossa terra, no ano de 1955 viu-se “invadida” por homens de batina preta, até aos pés, falando um Português arrevesado, que estariam, afortunadamente entre nós durante 20 anos e habitando modestamente nos anexos da Capela, exercendo um extraordinário trabalho de evangelização, ação social e calor humano.Nos inícios de 1961, as revistas missionárias “Além-Mar” e “Audácia” também foram implantadas em Paço de Arcos, sob a direção do Padre Rogério de Sousa, que, mais tarde, viria a ser nosso Coadjutor, só cessando a atividade quando os Combonianos nos deixaram, transitando para as novas instalações em Lisboa, onde ainda se encontram.
A receção ao Padre Ângelo, no decorrer do mês de setembro de 1955, não foi nada acolhedora, mas passado pouco tempo a presença efetiva da Igreja em Paço de Arcos era uma realidade fruto da ação do novo Sacerdote, que, com dotes de santidade contagiou tudo e todos com a sua bondade, ternura e amizade.
O seu exemplo extravasou para a comunidade que começou a sentir uma verdadeira vivência em comum, com uma particular atenção aos mais carenciados.
Os Grupos Paroquiais foram dinamizados, a colaboração dos jovens tornou-se evidente, de que foi um exemplo a entrada para o Seminário do Alfredo Neres, hoje Sacerdote Comboniano nas difíceis paragens da República do Congo. Os voluntários surgiram, o plano de construção do bairro para os pobres na Terrugem foi ativado, e a Capela do Senhor Jesus dos Navegantes tornou-se exígua para a celebração dos atos de culto.
Na verdade, em cerca de 4 anos, tudo mudou, mas como diz o povo, “não há bem que sempre dure”, e em obediência à hierarquia, o Padre Ângelo teve de partir para uma nova missão, desta feita no Maranhão, Brasil, onde o esperavam novos desafios ao serviço do Senhor, e onde veio a falecer a 7 de dezembro do ano de 2000.
Elogios, a que era avesso, lágrimas, agradecimentos e aplausos foi o ambiente vivido no cinema, na altura existente, repleto de amigos, seguidos, dias depois, por um apoteótico adeus no cais marítimo de Alcântara, quando embarcou no paquete Vera Cruz, com passagem paga por um paroquiano, deixando Paço de Arcos com saudade e tão pobre como tinha chegado.
No dia 7 de dezembro de 1959 tomou posse do Vicariato o Padre Sílvio Casseli, Sacerdote atencioso de ascendência aristocrata, de elevado nível intelectual que, embora com carisma diferente do seu antecessor, manteve uma orientação semelhante junto da Comunidade, com uma forte dinâmica na direção dos Grupos Paroquiais e uma enorme empatia junto dos habitantes da nossa vila.
Os paroquianos durante a sua curta permanência sempre ouviram com agrado a sua douta palavra e os seus pertinentes ensinamentos. O fermento continuava a agir, possibilitando o crescimento de uma nova mentalidade em defesa dos valores evangélicos.
Refira-se um episódio revelador da sua conduta: aquando da sua despedida com destino a nova missão nas terras de Moçambique, chamou ao seu humilde gabinete de trabalho a, então, Presidente do Grupo dos Vicentinos, entregando-lhe um saco contendo as economias conseguidas durante a sua estada em Paço de Arcos, destinadas aos mais desfavorecidos, pedindo desculpa por não poder ser mais generoso.
Bem mais novo, durante os 10 anos seguintes (de 1961 a 1971), o Padre Luís Nesi orientou de modo eficaz a nossa Paróquia, e consequência da sua vocação empreendedora, ultimou, rapidamente, a construção do Bairro da Terrugem, com capacidade para albergar 20 famílias, uma obra, para a época, de considerado valor social. Nesse projeto teve uma participação valiosa a família Canas, oferecendo para o efeito o terreno necessário.
O êxito do trabalho apostólico iniciado pelos seus antecessores e agora por ele desenvolvido, tornou a Capela do Senhor Jesus dos Navegantes manifestamente insuficiente para comportar os fiéis na prática Dominical e nas atividades dos numerosos Grupos Paroquiais existentes.
De posse de um terreno, agora no centro da vila, doado pela família Coruche com denodo, o Padre Luís deitou mãos à obra e com a prestimosa ajuda da Câmara Municipal de Oeiras, dos serviços do Patriarcado, e pelas iniciativas sem conta realizadas pelos paroquianos e pelos amigos da nossa terra, é, finalmente, para júbilo de todos, inaugurada de forma solene, a 26 de agosto de 1969, com a bênção do Sr. Arcebispo de Mitilene, a ampla Igreja da Sagrada Família, de arquitetura moderna de autoria do Arquiteto Padre João Almeida e, em simultâneo, é criada a Paróquia do Senhor Jesus dos Navegantes.
Entretanto, durante o período das obras, e porque a generosidade não tem limites, a família Leacock, católicos fervorosos e residentes no nosso burgo, custeou, integralmente, a instalação de uma Igreja provisória, próximo da definitiva, com dimensões bastante maiores do que as da Capela, permitindo deste modo a realização plena das atividades paroquiais.
Mas… mais uma vez, a Comunidade recebe, com surpresa, a notícia de que o Padre Luís, depois de realizar um trabalho notável, ia ser deslocado para Prior da Aldeia Galega e Pedreneira, acumulando a situação de Reitor da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. Cientes de que os caminhos do Senhor não são os nossos, novamente os habitantes de Paço de Arcos prestaram-lhe as homenagens e os agradecimentos que bem merecia na sua despedida.
Por último, entre 1971 e 1975, o Padre Cândido Poli, até então Coadjutor, passa a ser nosso Prior. Agora com instalações adequadas, permite-lhe esquematizar um trabalho conjunto dos Grupos Paroquiais existentes e a criação de novos, com predominância para a ação junto dos adolescentes e jovens, muitos dos quais ainda hoje, com famílias constituídas, prestam inestimáveis serviços na Paróquia: como é bom vê-los, acompanhados pelos filhos, nas Celebrações Eucarísticas!
Lembramo-nos quando num sábado o Senhor Cardeal Patriarca nos fez uma visita inesperada, tendo manifestado o seu agrado por estarem em atividade tantos Grupos Paroquiais.
É atualmente o único dos nossos Priores Combonianos ainda vivo, e que, com os seus 94 anos, sujeito a uma dúzia de cirurgias complicadas, ainda no Brasil continua, naturalmente condicionado, a prestar serviços úteis à Comunidade local.
Não podemos deixar ainda de realçar a colaboração prestada, se bem que em ciclos limitados, mas não menos válidos, pelos Padres Isaías, Cornélio, Crisini, Giocondo, Rogério, Ramiro, Policarpo, Jesus, Xavier e do Irmão Miguel.
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