Rino Fisichella
Para viver a VI edição do Domingo da Palavra de Deus, que será celebrado em toda a Igreja no próximo dia 26 de janeiro de 2025, o Papa Francisco escolheu como lema as palavras do Salmista: “Espero na tua Palavra” (Sl 119,74). Trata-se de um grito de esperança: o homem, no momento da angústia, da tribulação, da falta de sentido, clama a Deus e põe nele toda a sua esperança.
É uma experiência profundamente humana, como é habitual encontrarmos no Saltério. Todos esperam, todos temos diversas esperanças, mas o que nos é comunicado neste Jubileu é a “Esperança”, no singular. Não se trata de uma ideia abstrata ou de um otimismo ingénuo, mas de uma pessoa, viva e presente na vida de cada um: Cristo crucificado e ressuscitado, o único que nunca nos abandona. A teologia paulina é muito clara neste ponto: “Cristo Jesus, nossa esperança” (1Tm 1,1).
Esta é uma certeza que é posta no nosso caminho. Nela devemos crescer sem nunca desviar o olhar da fidelidade de Deus: “Conservemos firmemente a profissão da nossa esperança, pois aquele que fez a promessa é fiel” (Heb 10,23). O facto de Deus ser fiel às suas promessas repete-se como um refrão do Antigo ao Novo Testamento e por isso podemos encher-nos de alegria e confiança. Sendo a certeza do cumprimento da promessa, a esperança cristã “não desilude”, porque nos é dada pela presença eficaz do Espírito Santo (cf. Rm 5,5). Eis a razão por que podemos esperar na sua Palavra. Bem o entendeu o apóstolo Pedro, quando afirmou: “Pela tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5), o que significa: “Confio em ti”. A esperança que brota desta Palavra nasce da segurança da fé e confia-nos ao amor de Deus, que nunca se contradiz nem contradiz a promessa feita.
Um jubileu que, a cada 25 anos, bate à porta e nos provoca a levar a vida a sério oferece a oportunidade de manter o olhar fixo na esperança que traz consigo o realismo evangélico. O Domingo da Palavra de Deus permite aos cristãos reforçar, uma vez mais, o convite tenaz de Jesus a escutar e a guardar a sua Palavra, para oferecer ao mundo um testemunho de esperança que permita superar as dificuldades do momento presente. A Palavra de Deus não está confinada num livro, mas permanece viva e torna-se um sinal concreto e tangível. De facto, este Domingo provoca cada comunidade não só a anunciar a fé de sempre, mas sobretudo a comunicá-la com a convicção de que ela traz esperança a todos os que a escutam e a acolhem com um coração simples.
Cada realidade local poderá encontrar as formas mais adequadas e eficazes para viver este Domingo da melhor forma, fazendo “crescer no povo de Deus uma religiosa e assídua familiaridade com as sagradas Escrituras” (Aperuit illis, 15).