Dia 6:  Siguero – Santiago – Chegar

Salmo 121 (122) 

Chegada ao Santuário

SENTIDO INICIAL 

No final de um dia de marcha, um grupo de peregrinos pára às portas de Jerusalém, meta da sua viagem física e espiritual, citada explicitamente três vezes, como três vezes se citam igualmente as palavras Senhor, casa e paz. 

Um desses peregrinos toma a palavra para lembrar a alegria que sentiu quando lhe disseram: Vamos para a casa do Senhor, e a felicidade que lhe invade a alma ao atingir a meta desejada (1-2). Ao aspecto da cidade santa, bem edificada, acrescenta então o que ela evoca, para um peregrino, como lugar onde se celebra o nome do Senhor e onde está a casa de David (4-5). Em seguida, exorta os seus companheiros de viagem a desejarem a paz a esta cidade da paz e a quantos a amam (6-7), e ele próprio, em nome dos seus irmãos e amigos, que lho devem ter recomendado, dirige também os seus votos de paz à cidade onde o Senhor estabeleceu a sua morada (6-9). 

SENTIDO ACTUAL 

A assembleia cristã, reunida em nome do Senhor, inicia as Vésperas deste domingo, no qual irá celebrar o nome de Deus, escutar a sua palavra, receber a paz de Cristo, actualizar a Páscoa e fazer a Eucaristia, cantando o salmo 121, como faziam, outrora, os peregrinos da cidade santa. 

Quando Jesus chegou à idade dos doze anos, subiu pela primeira vez, com seus pais, a Jerusalém, e sentiu a alegria da peregrinação que o salmista descreve (Lc 2, 42). Durante a sua vida, muitas vezes ali tomou parte, segundo o costume de Israel, nas grandes festas do seu povo, e foi lá, no decorrer de uma páscoa, que Ele morreu às mãos dos pecadores, depois de ter chorado sobre a cidade (Lc 19, 41). 

A Jerusalém que nós cantamos no salmo é a do céu. Para lá nos conduz a nossa peregrinação sobre a terra: «Vós aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste» (Heb 12, 22). Quem nos ensina a caminhar para ela, como filhos pródigos para a casa do Pai, é Jesus, «mediador duma aliança nova», que nos trouxe a paz pelo seu Sangue. Com Ele, que foi peregrino da Jerusalém da terra, cantamos este salmo e pedimos ao Espírito que nos ensine a rezá-lo e a passar deste mundo para a cidade do Deus vivo, na alegria e na paz: Alegrei-me quando me disseram: Vamos para a casa do Senhor. 

É também da Jerusalém celeste que fala o apóstolo João, quando diz: «Vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: Esta é a morada de Deus entre os homens» (Ap 21, 2. 3). Ele referia-se à Igreja da terra, nossa casa espiritual e nossa mãe. 

Salmo 121 (122) 

Vós aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo,

a Jerusalém celeste (Hebr 12, 22). 

1  Alegrei-me quando me disseram: * «Vamos para a casa do Senhor». 

2  Detiveram-se os nossos passos * às tuas portas, Jerusalém. 

3  Jerusalém, cidade bem edificada, * que forma tão belo conjunto! 

4  Para lá sobem as tribos, * as tribos do Senhor, 

segundo o costume de Israel, *

para celebrar o nome do Senhor; 

5  ali estão os tribunais da justiça, * os tribunais da casa de David. 

6  Pedi a paz para Jerusalém: *

vivam seguros quantos te amam. 

7  Haja paz dentro dos teus muros, * tranquilidade em teus palácios. 

8  Por amor de meus irmãos e amigos, * pedirei a paz para ti. 

9  Por amor da casa do Senhor nosso Deus, * pedirei para ti todos os bens. 

Glória ao Pai…

COMENTÁRIO DE SANTO AGOSTINHO 

«Este salmo que vamos comentar, ou antes, aquele que aí descreve a sua peregrinação, canta o desejo de Jerusalém. Trata-se de um cântico gradual, e como já o disse várias vezes, estes degraus não são para descer, mas para subir. 

O peregrino quer subir. Para onde há-de subir senão para o céu? E que pretende ele ao subir para lá? Será que deseja subir para chegar ao sol, à lua, às estrelas? Não. O céu é a Jerusalém eterna onde moram os anjos, com os quais viveremos. Na terra, peregrinamos longe deles; durante a peregrinação, suspiramos; ao chegar à pátria, sentiremos grande alegria. No decorrer da viagem encontramos companheiros que já viram a cidade e nos convidam a correr para ela. Com isso rejubila o salmista e diz: Alegrei-me quando me disseram: vamos para a casa do Senhor. 

Corramos, corramos, porque vamos para a casa do Senhor. Corramos sem nos cansarmos, porque havemos de chegar onde nunca mais nos cansaremos. Corramos para a casa do Senhor, e alegre-se a nossa alma com o que nos disseram. Os que nos disseram essas coisas, viram a pátria antes de nós, e, de longe, gritam para os que os seguem: Vamos para a casa do Senhor. Caminhai, correi. Os Apóstolos viram esta casa e disseram-nos: correi, caminhai, segui-nos: Vamos para a casa do Senhor. 

E que responde cada um de nós? Alegrei-me quando me disseram: vamos para a casa do Senhor. Alegrei-me com os Profetas, alegrei-me com os Apóstolos, pois todos eles nos disseram: Vamos para a casa do Senhor». 

ORAÇÃO SÁLMICA 

Bendito sejais, Senhor Deus da Jerusalém celeste, que reconstruístes a cidade santa e a estabelecestes na paz e na justiça, para segurança dos que amam a vossa morada e se dirigem para Vós. Por Nosso Senhor.

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