São Bartolomeu, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, é uma figura proeminente nos primórdios do Cristianismo, cuja vida de transformação e dedicação ecoa através dos séculos. Frequentemente identificado como Natanael, mencionado no Evangelho de João, a sua jornada é um testemunho de fé, ardor missionário e sacrifício último.
Natural de Canaá, na Galileia, Bartolomeu foi apresentado a Jesus pelo seu amigo, o apóstolo Filipe. A sua reação inicial, marcada pelo cepticismo, reflete uma honestidade e uma busca pela verdade: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”. No entanto, este cepticismo inicial dissolveu-se num encontro transformador com Cristo, que o reconheceu como “um verdadeiro israelita, em quem não há dolo”. Este encontro marcou o início da sua vida como discípulo, uma vida dedicada a seguir os ensinamentos de Jesus e a testemunhar os seus milagres.
Após a Ascensão de Cristo, Bartolomeu, como os outros apóstolos, abraçou a missão de espalhar a Boa Nova pelo mundo. A tradição relata que as suas viagens missionárias o levaram a lugares distantes, incluindo a Índia e, mais notavelmente, a Armênia. Nestas terras, pregou com fervor, converteu muitos ao cristianismo e estabeleceu comunidades de fé. A sua dedicação à evangelização, no entanto, encontrou forte oposição.
O seu ministério na Armênia culminou no seu martírio. Segundo a tradição, Astíages, o rei local, ordenou a sua execução devido à influência crescente do apóstolo, que havia convertido até mesmo membros da família real. O martírio de São Bartolomeu é descrito de forma particularmente brutal: foi esfolado vivo e depois decapitado. A sua morte, ocorrida por volta do ano 70 d.C., selou a sua vida de fé com o testemunho supremo do martírio, tornando-o um poderoso símbolo de perseverança e devoção inabalável.
A festa litúrgica de São Bartolomeu é celebrada a 24 de agosto. Ora a vila de Paço de Arcos, com a sua ligação ao mar, tem como padroeiro o Senhor Jesus dos Navegantes. No entanto, a Paróquia de Paço de Arcos foi formalmente estabelecida em 1969, e a sua igreja matriz, dedicada à Sagrada Família, foi inaugurada a 24 de agosto de 1969, precisamente no dia em que a Igreja Católica celebra a festa de São Bartolomeu. A escolha desta data para a inauguração da principal igreja da comunidade não foi uma mera coincidência…
Um Fundamento Apostólico: Ao inaugurar a igreja no dia de um dos doze apóstolos, a comunidade de Paço de Arcos firmou a sua identidade sobre um alicerce apostólico. Tal como Bartolomeu foi uma das colunas da Igreja primitiva, a nova paróquia aspirava a ser um pilar de fé na comunidade local, enraizada nos ensinamentos de Cristo e dos seus primeiros seguidores.
Da Dúvida à Fé Profunda: A jornada de Bartolomeu, do cepticismo inicial a uma fé inabalável, serve de inspiração. A sua história recorda aos fiéis que a fé não é a ausência de dúvidas, mas sim a busca sincera pela verdade que culmina num encontro transformador com o divino. A paróquia é, assim, um lugar de acolhimento para todos, independentemente do seu ponto de partida na jornada da fé.
O Ardor Missionário: A dedicação de São Bartolomeu em levar o Evangelho a terras distantes reflete o espírito missionário que cada paróquia é chamada a ter. A comunidade de Paço de Arcos, ao nascer sob a égide deste santo missionário, é convidada a não se fechar em si mesma, mas a ser uma “igreja em saída”, que leva a mensagem de esperança e amor para além das suas portas, alcançando as periferias geográficas e existenciais da vila.
Testemunho e Sacrifício: O martírio de São Bartolomeu é o derradeiro testemunho de uma vida entregue a Cristo. Embora os tempos modernos raramente exijam o sacrifício da vida, a sua história inspira os paroquianos a um testemunho quotidiano através de atos de caridade, de perdão e de uma vida coerente com os valores do Evangelho. Recorda que ser cristão implica uma entrega e uma coragem para viver a fé de forma autêntica no mundo.