O Concílio Vaticano II:
história e significado
para a Igreja

Em 1958, com a morte de Pio XII, os cardeais escolheram como seu sucessor o patriarca de Veneza Angelo Giuseppe Roncalli, que adotou o nome de João XXIII. Os cardeais pensavam em um papado de transição após o de seu predecessor. No entanto, João XXIII sentiu-se chamado pela Providência a levar a Igreja ao encontro das mulheres e homens de nosso tempo.

Imediatamente após sua eleição, pensou em um concílio ecumênico, uma grande assembleia de prelados católicos de todos os países onde a Igreja estava presente. Através dos cardeais e bispos, todos os católicos do mundo deveriam participar desse evento extraordinário.

A iniciativa do Pontífice foi um sinal de esperança, uma perspectiva de paz e bem-estar para a humanidade. Logo começaram os preparativos para a grande assembleia, cuja data de início foi fixada para 11 de outubro de 1962.

Como membros com pleno direito a participar na assembleia conciliar, apenas foram nomeados bispos católicos. Também houve especialistas, na sua maioria teólogos, que intervieram tanto na preparação dos textos quanto no desenvolvimento do Concílio e foram convidados, como observadores, representantes de outras comunidades cristãs como ortodoxos, protestantes e anglicanos. Os leigos também foram convidados como auditores.

O Concílio foi realizado em quatro sessões que ocorreram em quatro anos consecutivos, de 1962 a 1965, nos meses de novembro e dezembro.

Na primeira sessão, em 1962, foram apresentados 70 esboços para outros tantos documentos. Muitos eram repetitivos, outros tratavam de temas demasiado específicos. O Concílio correu o risco de se tornar uma cansativa repetição de argumentos já familiares.

Para trabalhar nas diversas comissões criadas, os padres conciliares escolheram especialistas, não apenas teólogos de Roma, mas de todo o mundo católico, especialmente dos países do centro e norte da Europa. Em outra sessão, foi submetido à votação o esboço sobre a revelação divina. O documento preparado foi bastante decepcionante e a maioria dos bispos votou não apenas por uma revisão, mas por uma reescrita total do texto.

Assim transcorreram os três meses da primeira sessão conciliar entre reviravoltas repentinas e a escuta monótona da apresentação dos documentos. No entanto, ao mesmo tempo, iam-se criando nos espaços de descanso, lugares de encontro e de conhecimento entre os bispos que permitiram crescer na comunhão entre bispos, que eram de origens e culturas muito diferentes. Esta primeira sessão foi um período preliminar que serviu para aperfeiçoar um método de trabalho eficaz. Nas sessões seguintes, o Concílio pôde dar os frutos esperados pela Igreja Católica.

Nos dias imediatamente posteriores à conclusão da primeira sessão do Concílio, foram divulgadas notícias inquietantes: o Papa estava gravemente doente. Sua saúde deteriorou-se rapidamente e em 3 de junho de 1963, o Papa bom que havia convocado o Concílio faleceu.

A morte de João XXIII deixou um profundo vazio. Alguns temiam pela retomada do Concílio; outros, especialmente na cúria, queriam pôr fim a essa aventura considerada perigosa e prejudicial para a autoridade do Papa. O conclave elegeu o cardeal Montini, de Milão, que adotou o nome de Paulo VI. Uma de suas primeiras decisões foi continuar com o Concílio.

A segunda sessão começaria em 29 de setembro. Na sessão de abertura da segunda sessão, o novo Papa propôs um programa aos bispos: O Concílio deveria encorajar uma melhor consciência da Igreja sobre si mesma, favorecer sua renovação, apontar para a unidade dos cristãos e para o diálogo com o mundo contemporâneo.

Sob a direção dos moderadores nomeados por Paulo VI, na segunda sessão, examinou-se sobretudo o esboço da Constituição Lumen Gentium, um dos grandes documentos conciliares que trata da Igreja, da compreensão que ela tem de si mesma, de sua função espiritual e de sua organização. Também foram aceitas as pequenas mudanças realizadas na Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a liturgia, que já havia sido amplamente discutida na primeira sessão. Finalmente, discutiu-se um documento sobre o ecumenismo que foi muito debatido. A segunda sessão do Vaticano II havia conseguido bons resultados.

A terceira sessão, em 1964, começou com a concelebração presidida pelo Papa junto com 24 padres conciliares. Foi uma das primeiras reformas litúrgicas aprovadas pelo Vaticano II. Os principais documentos apresentados na terceira seção foram o texto reescrito da futura Constituição sobre a revelação divina e o da Igreja no mundo contemporâneo. O primeiro deles, que acabaria sendo chamado Dei Verbum, foi bem recebido em geral. O da presença da Igreja no mundo suscitou, no entanto, um longo debate. Alguns padres o reprovaram por ter uma leitura predominantemente sociológica. Outros acreditavam que partia de uma visão demasiado otimista do mundo contemporâneo.

Ao final, decidiu-se manter o esquema, encarregando alguns especialistas de língua alemã, incluindo o futuro Bento XVI, da tarefa de tornar o texto mais condizente com a realidade, mostrando também os limites assim como os méritos das mudanças que ocorreram na Idade Moderna.

Ainda nesta sessão, discutiu-se muito o esquema sobre o apostolado dos leigos que foi finalmente aprovado e a questão da liberdade religiosa, que foi enviada para a próxima sessão para conseguir um apoio maior.

Na abertura da quarta sessão, Paulo VI instituiu o sínodo dos bispos. A intervalos regulares, alguns bispos representantes do episcopado mundial seriam convidados a se reunir para dar ao Papa uma contribuição de conselho e colaboração.

Durante esta sessão, foram estudadas as últimas propostas de melhoria dos textos já examinados e os textos revisados foram definitivamente submetidos à votação. Finalmente, a assembleia dos padres conciliares aprovou 4 Constituições: Sacrosanctum Concilium, sobre a sagrada Liturgia; Dei Verbum, sobre a Divina revelação; Lumen Gentium, sobre a Igreja; e Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo atual. Além disso, foram aprovados 9 decretos e 4 declarações.

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